Divisão de Prevenção e Educação - DIPE
O uso abusivo de drogas
envolve vários setores da sociedade, tais como, jurídico, policiais, médicos,
educacionais, ocupacionais, familiares, entre outros.
Muitos acontecimentos
violentos e rupturas sociais estão relacionados ao uso e abuso de álcool e
outras drogas, os quais podemos citar: homicídios, atropelamentos, acidentes de
trânsito, brigas, dentre outros.
Sérgio Silva. Palestrante e orientador
Imagens realizada pela equipe de jornalismo da Rede recorde de TV.
Todo matéria usada somente para fins de orientação e prevenção ao uso indevido de drogas e entorpecestes.
Prevenção do uso indevido de drogas
Considerando a relação entre o indivíduo e a droga é possível pensar em três estratégias preventivas: 1) diminuir a oferta do produto; 2) diminuir a demanda por parte do usuário; e 3) influir sobre as circunstâncias favorecedoras da oferta e da procura1.
A primeira estratégia implica principalmente em ações de repressão, voltadas para a redução da disponibilidade dessas substâncias. A segunda concentra-se na ação educativa por meio de intervenções de caráter pedagógico. A terceira estratégia é chamada atualmente de intervenção estrutural, realizada por meio de medidas visando minimizar ou neutralizar o impacto dos fatores relacionados ao risco ou à proteção, agindo predominantemente na interface oferta/demanda. Segundo Blankenship et al.2, o termo "estrutural" se refere a intervenções que visam à alteração do contexto no qual a saúde é produzida ou reproduzida.
Posturas e modelos de intervenção
Posturas e modelos de intervenção
Existem duas posturas básicas diante do problema do uso e abuso das substâncias psicoativas: a tradicional, ou "guerra às drogas", e a "redução de danos".
Na abordagem tradicional, a maior concentração de esforços se dá na redução da oferta, ou seja, redução da disponibilidade dos produtos. No campo da redução de demanda, enfatiza-se a transmissão de informações pautadas pelo amedrontamento e apelo moral, utilizando técnicas que poderiam ser resumidas à persuasão dos indivíduos para a abstinência, o slogan: "Diga não às drogas". Não há uma preocupação com as diferentes formas de uso ou com a abordagem dos fatores facilitadores do abuso de psicotrópicos11, 12. As ações de transmissão de informações seguem, em geral, o modelo educativo de aprendizado passivo. Muitas vezes, e isto também se refere às escolas brasileiras, as intervenções são pontuais, na forma de palestras11, 13.
Outros modelos de intervenção, ainda na abordagem tradicional, propõem aulas semanais curriculares destinadas aos alunos dos últimos anos da escola elementar. É o caso do "Modelo de treinamento para resistir". O seu representante clássico é o projeto Drug Abuse Resistence Education (Dare), adotado por cerca de 50% das escolas locais dos Estados Unidos. Este tem por objetivo o treinamento para resistir às pressões de envolvimento com drogas, exercidas por grupos de pares, pela mídia e até pelos pais. Inclui uma série de exercícios e atividades em sala de aula que ensinam ao estudante: recusar, esquivar-se, não ceder diante da oferta de drogas. Este programa é aplicado por membros do próprio projeto, muitas vezes policiais. Os resultados das avaliações apontam para algum ganho significativo imediato, tanto no conhecimento como na redução do padrão de uso de drogas, mas ao contrário da aquisição de conhecimento, não há redução do uso de drogas nas avaliações após um ano ou mais. Em alguns subgrupos, por exemplo os de indivíduos masculinos negros e hispânicos, houve aumento do uso de substâncias14.
Além do projeto Dare, os outros projetos que se encaixam no "Modelo de treinamento para resistir" também foram bastante avaliados. Os resultados apontam para algum ganho significativo imediato, tanto no conhecimento como no padrão de uso de drogas, mas este não se mantém nas avaliações após um ano ou mais tempo do término das aulas15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23. Os resultados foram melhores para as meninas24 e piores para os meninos, em alguns aspectos, por vezes, contraproducentes15, 16, 17.
O projeto Dare começou a ser aplicado no Brasil com o nome de Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) e, assim como nos EUA, foi aplicado principalmente por policiais. A figura do policial pode carregar representações simbólicas diversas em diferentes países ou diferentes contextos sócio-econômico-culturais, e no Brasil essa nem sempre é positiva. Além disso, a falta de adaptação cultural tanto do conteúdo como da estratégia didática compromete ainda mais a aplicação desse modelo no Brasil11, 25.
Após décadas de existência, acumulam-se críticas à política de "guerra às drogas". Escohotado26 constata que:O [slogan] "diga não às drogas" entra por um ouvido e sai por outro, funcionando como estímulo indireto.
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