domingo, 17 de abril de 2016

Os efeitos da substância Meldonium

15/03/2016 09h19 - Atualizado em 16/03/2016 15h22

O doping de Sharapova: entenda os efeitos da substância Meldonium

Estudos científicos afirmam que ela aumenta a capacidade do corpo de produzir energia, acelerar a recuperação e melhorar a memória e o aprendizado motor

Por São PauloPalestrante Sérgio SilvaAgente DIPEPesquisa e orientação.
Esta semana repercutiu no mundo do esporte um novo caso de doping que gerou surpresa e muitas indagações. A tenista russa Maria Sharapova, uma das maiores atletas da modalidade, foi flagrada com uma substância desconhecida no próprio dicionário dos remédios proibidos.
Maria Sharapova tênis coletiva (Foto: Kevork Djansezian/Getty Images)Maria Sharapova anuncia em coletiva ter sido flagrada no exame antidoping (Foto: Kevork Djansezian/Getty Images)
Desta vez não se trata de esteroides anabolizantes, estimulantes, diuréticos nem nada conhecido. A droga detectada foi o Meldonium, uma substância que nunca apareceu em nenhuma notícia de doping até então. De onde surgiu esta nova substância e o que ela proporciona em termos de melhora de performance para ser proibida?
Na verdade, apesar de ser desconhecida da opinião pública, o Meldonium já era um “velho conhecido” no mundo da ciência. Como medicamento, o “mildronato”, que é o princípio ativo da droga, foi desenvolvido em 1970, sendo indicado como coadjuvante do tratamento de algumas doenças, como isquemia do coração, doenças neurodegenerativas, pulmonares e doenças do sistema imunológico.
Maria Sharapova WTA Acapulco (Foto: EFE)Tenista russa fazia uso da substância proibida há 10 anos (Foto: EFE)
Em 2015, um trabalho publicado na revista científica “Drug and Testing Analysis” por um grupo de pesquisa da Universidade de Colônia, na Alemanha, alertava para o fato de a substância ter também efeitos ergogênicos de melhora de performance. Segundo os próprios pesquisadores, o Meldonium já estava sendo monitorado pela Agência Mundial Antidoping (WADA) durante os últimos tempos.
Seus efeitos foram demonstrados em alguns estudos científicos e apontavam para uma melhora da capacidade de produzir energia a partir da queima de carboidratos, melhora da recuperação após o exercício e, curiosamente, um benefício de melhora de “memória e aprendizado” motores, benefício este muito interessante para o desempenho esportivo. Vale sempre lembrar que estes são efeitos farmacológicos, e portanto caracterizam o conceito de doping.
A droga foi então incorporada à lista de substâncias proibidas em janeiro deste ano. Antes desta proibição formal, a decisão havia sido várias vezes comunicada às federações e individualmente aos próprios atletas.

No ano olímpico que vivenciamos, com cobranças ainda maiores por melhora de desempenho, infelizmente podemos esperar por mais notícias semelhantes, pois o uso de substâncias proibidas no esporte ainda está muito longe de acabar.
Fica difícil entender como uma atleta como a Sharapova alega não saber desta proibição e ter sido flagrada. Pior ainda é sua declaração de que usava o Meldonium nos últimos dez anos, uma verdadeira confissão de culpa de uso de substância para melhora farmacológica de desempenho.
*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com

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